Não sei se vai ajudar a thread a ficar menos silenciosa, e peço desculpas pelo textão.
Estou morando no PR, mas passo as férias de julho e janeiro/fevereiro em SP.
Sempre fui uma pessoa esquisita desde que nasci, mas a minha infância foi ok. Foi a partir dos 11 anos de idade que a minha vida começou a virar uma sequência interminável de desgraça, estresse, incômodos, inconveniências, imprevistos, humilhações, frustrações e decepções. Além de ter uma família totalmente disfuncional, tive a pior adolescência que um jovem poderia ter: sendo um completo cabaço medroso lerdão, com gostos estranhos e nenhum traquejo social. Era socialmente excluído e quando notavam a minha existência era pra me zoar, me botar apelidos desagradáveis, me humilhar e me bater, afinal eu era um alvo fácil. Foi um milagre ter conseguido fazer as pouquíssimas amizades que tive na escola (obviamente perdi o contato com todos).
E como desgraça pouca é bobagem:
- meu pai se afundou em dívidas e destruiu a situação financeira da minha família
- não passei na USP nem na Unicamp, e minha nota no enem não dava pra entrar em menhum curso que eu queria, tive que aceitar um curso de tecnólogo na Fatec como prêmio de consolo
- O curso da Fatec não deu em nada e tive que me contentar com subemprego
- Descobri meu diagnóstico de autismo quando comecei a fazer um curso profissionalizante na APAE
Minha vontade de viver morreu de vez em 2017, desisti totalmente de entrar num relacionamento e constituir família, todos os meus sonhos e ambições foram frustrados (inclusive o menor dos objetivos de vida que eu tinha, que era apenas morar sozinho e conseguir um salário suficiente pra sobreviver e manter o único hobby que libera dopamina no meu cérebro) e a situação da minha família nunca esteve tão horrível, e sem perspectiva de melhora.
Recentemente descobri que tenho TAG e TDP (comorbidades do meu autismo), fadiga crônica (tô sobrevivendo a base de cigarro, quantidades obscenas de cafeína, analgésico e relaxante muscular) e o neuropsicólogo que me atendeu suspeita que eu tenha TDAH. Não consigo CTB por dois motivos: as minhas funções executivas foram de arrasta pra cima (a inércia me impede de planejar, preparar e executar o método) e a minha mãe atualmente é a minha única razão pra viver, é meu único porto seguro, mas eu não quero mais dar trabalho e ser um fardo pra ela. Aprendi a cozinhar, lavar roupa e louça, limpar a casa, arrumei emprego, MUDEI DE ESTADO, e mesmo assim volta e meia me pego recorrendo a ela pra apoio emocional e conselhos, sinto que continuo sendo dependente dela. Se ela morrer por conta dos trocentos problemas de saúde que ela tem não vai ter mais nada me impedindo de tirar a minha própria vida.
sensação de que já vivi tudo que tinha pra viver, que nada de bom ou novo que eu conhecer vai ser naquela intensidade da infância, e a dor é incrível como ela pode aumentar com o tempo e depois de todo o inferno que eu passei o mundo e as pessoas nunca mais vão ser as mesmas, tô cansado de tudo eu só quero ficar sozinho e morrer em paz
Sinto o mesmo, depois da minha infância foi só ladeira a baxo, já passei da fase de angústia, raiva, tristeza, agora to num ponto que me sinto anestesiado, não consigo sentir mais nada, apenas cansaço, acho que vai passando o tempo e a esperança vai acabando e aí encontra sentido pra continua e complicado, queria simplesmente pode ver o mundo como eu via como criança, te alegria num simples filme, acho que esse mundo não eh um lugar pra todos e eu so um deles.
tudo me cansa e tudo me decepciona.
Essas três postagens resumem perfeitamente o meu eu dos últimos três anos, sinto que nada mais é novidade pra mim, que eu sou uma aberração da natureza e que não pertenço a esse mundo, e por ser tão traumatizado e complexado, não consigo me conectar emocionalmente com ninguém, socializar virou algo desgastante que só me faz lembrar do quão falho eu sou como ser humano. Atualmente sou uma casca vazia sem vida, eu só existo num constante pesadelo.